Que corpo é este? Que corpo é este, torto, troncho, atrofiado, disforme e deformado?

Este que tanto interessa à arte. Este corpo é o meu corpo.

Meu corpo real, vital e mortal. No espelho me vejo e me odeio.

Eu e meu corpo somos qualquer um e todo mundo, eu e meu corpo e nós e nós todos não servimos para vender nada, não somos nada de tudo aquilo que vemos na televisão, no cinema nas revistas, nos cartazes publicitários.

Estas imagens pululam, invadem, esbanjam saúde e imortalidade, estão por toda parte e tornam-se parte do que creio existir e que o espelho arranca, deixando a ferida exposta. Nós, nós somos reais.

A arte escancara, isto é, o que eu sou. Meu extraordinário corpo vive, respira e sente a morte se aproximar. A arte é apenas um grito abafado no ensurdecedor barulho da televisão e da publicidade. A publicidade admite, aliena, alimenta, anuncia, zera, zomba, zune, e zurra.

Eu, ser eliminado, eu mutilada, eu-Witkin, eu-Rudolf Schwarzkoger, eu-Jak e Dinos Chapman, eu-Zhu Yu, eu-Sun Yuan, eu-Georges Bataille, eu-Marques de Sade, venho afirmar que eu sou o real. A arte que apresenta o horror apresenta o meu desepêro.7

O LUGAR das tecnologias é o corpo animal da mulher. Nossos corpos de "noiva, despidos por nossos celibatários, mesmo" (Marcel Duchamp), desgostam. Arte que apresenta o horror me traz deformada para a frente das câmeras e regojizo.